22 de mai. de 2007

LEÃO BAIO



por Luiz Rogério de Carvalho

Uma linda Leoa e seu filhote, saindo de um capão de mato atravessaram a estrada, olhando para os lados, meio desconfiados. Entraram na mata, na esperança de que ali estariam protegidos e teriam alimento. Durante muito tempo vagaram à procura de caça, para saciar a fome. Cansados, desistiram de procurar alguma presa, pois a mata, antes uma grande floresta, agora era pequena. Foi o que sobrou, na substituição da mata nativa por uma imensa floresta de pinus.

Depois de andar muito pela floresta, já cansada, a Leoa viu ser inútil procurar alimento, pois debaixo daquelas árvores exóticas poucos animais sobrevivem. Foi, então, que resolveu buscar alimento na propriedade de quem cortara a mata, que sempre fora abrigo de toda a vida selvagem. Andando mais um pouco, encontrou um rebanho de ovelhas, acompanhadas de alguns cordeiros. Com a fome apertando seu estômago, e já sem leite para alimentar o filhote, a Leoa não teve dúvidas, atacou o primeiro cordeiro. Saciada a fome, continuou caminhando sem rumo à procura da floresta perdida.

No dia seguinte, toda a vizinhança estava sabendo que o fazendeiro, que já perdera outros cordeiros, agora teve mais um prejuízo, causado pelo ataque do “terrível” Leão Baio. Formou-se, então, com o auxílio de vizinhos, um bem armado grupo, que saiu à caça da fera “assassina”.
Armados de espingardas, e orientados por cães treinados e bem alimentados, logo encontraram os rastros. Nos campos próximos, ouviram-se os latidos e, de repente, tiros de espingarda, seguidos de profundo silêncio.

A Leoa e seu filhote, depois de muito tempo fugindo de seus perseguidores, foram mortos, bem próximo de uma grande represa, que alimenta uma usina hidrelétrica, construída aonde antes existia uma grande e linda floresta de araucárias e inúmeras outras espécies de árvores nativas.

Na casa do fazendeiro, que teve o "grande prejuízo" com a morte do cordeiro, na parede, como troféu, está o couro de um leãozinho. No chão, um lindo tapete, feito com o couro da grande e bela Leoa.
Empobrecidos, em toda a região, ainda choram fauna e flora.