30 de ago. de 2011

REFÚGIO SEGURO

Luiz Rogério de Carvalho

Conforme noticiou o jornal “A Folha de São Paulo”, de hoje, houve uma previsão, anunciada por deputados, de que a deputada federal Jaqueline Roriz seria absolvida na Câmara, onde responde pela pratica de ato indecoroso, quando flagrada em vídeo, recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM, dinheiro proveniente de propinas, fato de conhecimento geral, pois divulgado pela televisão nacional, e, que muitos deputados alegam que o fato ocorreu antes que ela tenha sido eleita deputada distrital. E, com esse argumento, justificavam a absolvição.

Embora aprovado na Comissão de Ética o pedido de cassação, por 11 votos a 3, onde os votos foram abertos, no plenário da Câmara, onde a votação é secreta, a deputada foi absolvida da acusação da prática de ato indecoroso, consolidando-se assim, o entendimento que, também bandidos, corruptos e ladrões do dinheiro público, desde que não tenham sido condenados, em última instância, podem ser eleitos, e podem, sem risco, assumir cargos eletivos, desde que os fatos de que são acusados tenham acontecido antes da eleição, mesmo que, só depois de eleitos, esses mesmos fatos venham se tornar de conhecimento do público, do eleitor.

Diante disso, somos obrigados a admitir que a Câmara de Deputados, além de abrigar homens sérios, que ainda existem no Brasil, pelo meio da votação secreta, que esconde os cínicos e hipócritas, pode, também, tornar-se um refúgio seguro para ladrões e corruptos.

24 de mar. de 2011

A VITÓRIA DA CORRUPÇÃO

Por Luiz Rogério de Carvalho

A aplicação da Lei da Ficha Limpa, empatada no STF, esteve muito tempo aguardando o voto do novo ministro, e a parte séria do Brasil esperava que fosse chegado o momento de passar uma vassoura, com creolina, e começar uma limpeza na política brasileira, pois depositava no novo ministro a esperança de novos e bons dias.

Ledo engano, pois o voto aguardado, que encerrava a esperança, para barrar a entrada dos “fichas sujas”, veio como um balde de água fria, um “tapa na cara” dos brasileiros decentes, permitindo a permanência de desonestos e corruptos, que continuarão decidindo os destinos da nação. Foi uma decisão que não apenas adiou a aplicação da Lei da Ficha Limpa para 2012, mas, tristemente, marcou a vitória da corrupção.

1 de mar. de 2011

A GRANDE DIFERENÇA

Por Luiz Rogério de Carvalho

O Ministro de Defesa alemão, Karl Theodor zu Guttenberg, após ter sido descoberto que plagiara sua tese de doutorado, diante do escândalo que sua atitude provocou, numa cultura que prima pela honestidade e integridade dos cidadãos, especialmente dos ocupantes de cargos públicos, admitindo seu erro, e levado pela polêmica na imprensa e oposição, não teve outra opção a não ser renunciar ao cargo de ministro.

Este fato nos leva a refletir sobre a enorme diferença cultural existente entre os diferentes povos. Em vários países, homens públicos, flagrados em atos desonestos, especialmente a corrupção, que não é privilégio só de políticos brasileiros, diante da vergonha, e da certeza da punição, muitos, antes mesmo de renunciar a seus cargos, são levados ao extremo de cometer o suicídio.

Enquanto isso, no Brasil vamos convivendo com uma situação totalmente diferente, pois, homens públicos, que usando de seus cargos se locupletam, mesmo denunciados pela evidência de seus atos de corrupção, desde que não tenham sido julgados e condenados em última instância, com sentença transitada em julgado, continuam transitando livremente pela administração pública. São eleitos, tomam posse, ocupam altos cargos, e decidem sobre a vida de seus compatriotas.

É muito triste, mas é a nossa realidade.

25 de fev. de 2011

A PRESIDENTA, A PRESIDENTE...

por Luiz Rogério de Carvalho

Sabe-se que, pela ótica do vernáculo e, de acordo com os luminares da língua portuguesa, qualquer um dos tratamentos está correto.

Entretanto, está sedimentado nos usos e costumes brasileiros, especialmente na imprensa nacional, a expressão “a presidente”, que soa de modo muito mais agradável aos ouvidos da esmagadora maioria brasileira, fato que só é ignorado pelos membros do executivo federal, e partidários do governo que, insistem, remando contra a corrente, contrariando a voz do povo, em mudar o vetusto tratamento.

Pelo que se tem visto, o tratamento “a presidenta” somente será usado pelos membros do governo federal, e outros subalternos, que, em seus pronunciamentos, parece que cumprindo ordens superiores, teimam em mudar o tratamento habitual. E o programa “A Voz do Brasil” tem sido o veículo pelo qual insistem em consolidar essa inovadora bobagem.

7 de fev. de 2011

EDUCAÇÃO

Por Luiz Rogério de Carvalho

Conceituado jornal publica matéria divulgando pesquisa do MEC, mostrando que, de 2005 a 2009, caiu em 50% o número de profissionais saídos das faculdades formadoras de professores, nas áreas do ensino fundamental e médio.

É fácil entender o desinteresse pela carreira do magistério, pois ainda não temos uma política de educação que estimule os jovens, seja pela existência de salário atraente, e de uma carreira promissora, com boas condições de trabalho. Por isso, enquanto não houver uma cruzada nacional, que vise à valorização do professor, o problema da educação continuará sem solução, e com o agravante de termos aumentado o número de professores sem qualificação, e nenhuma formação pedagógica.

É lamentável, pois bastaria seguir o exemplo de países asiáticos que, conscientes de que o verdadeiro progresso só se adquire através da educação, investiram no que é básico para a formação de uma juventude qualificada e capacitada, cujo resultado é o invejável crescimento econômico.

20 de jan. de 2011

APOSENTADORIA DE GOVERNADOR

Por Luiz Rogério de Carvalho

Vi, no jornal O Estado de São Paulo, entrevista do senador Pedro Simon justificando o fato de ter requerido, e estar recebendo R$ 24,1 mil mensais de aposentadoria pelo exercício do cargo de governador do Rio Grande do Sul.

O senador alega que requereu o benefício, vinte anos depois de ter adquirido o direito, levado pela necessidade, pois os R$ 10 mil que recebe como subsídios no Senado, são insuficientes para viver, com esposa e filho.

Praticamente concordando com o aspecto imoral da aposentadoria, encerra a entrevista dizendo que acha que OAB vai ganhar a ação que proporá no STF, visando o cancelamento das aposentadorias que, em vários Estados, beneficia ex-governadores.

Com todo o respeito e admiração, que sempre dediquei ao senador, incansável defensor da moralidade pública, confesso, foi com tristeza que li a entrevista. Até suponho que o senador, do alto dos seus 80 anos, sendo uma reserva moral, por motivo de ambição familiar, tenha sido induzido a claudicar.

Essa aposentadoria privilegiada, prática odiosa e imoral, está sendo usada também aqui no Estado de Santa Catarina, sendo que, além de ex governadores, também um ex vice-governador que, tendo exercido o cargo de governador, em substituição, por nove meses, recebe o indevido provento.

14 de jan. de 2011

ÁREA DE RISCO É REGRA

Por Luiz Rogério de Carvalho

A presidente Dilma, em visita ao município fluminense de Friburgo, uma das cidades atingidas pela tragédia que ceifou a vida de centenas de pessoas, declarou que no Brasil, morar em áreas de risco é regra e não exceção.

Tem razão a Presidente, pois embora existam leis que proíbem a construção em encostas perigosas e áreas de preservação permanente, por absoluta irresponsabilidade das autoridades, a legislação não é cumprida, e, pela inexistência de fiscalização proliferam as construções irregulares e perigosas. Muitas dessas construções são até incentivadas por candidatos inescrupulosos que, em campanhas eleitorais, com olhos nos numerosos votos de famílias pobres, prometem garantias impossíveis.

Triste é a nossa realidade, pois as administrações, sem a necessária coragem para enfrentar com determinação o problema das invasões de áreas públicas e construções irregulares em áreas de risco, preferem “empurrar com a barriga”, e a cada ocorrência de uma nova tragédia, como esta do Estado do Rio de Janeiro, na tentativa, mais de convencer os eleitores, com discursos requentados, prometem soluções e liberação de verbas para enfrentar as situações, promessas nem sempre cumpridas, e obras sempre paliativas.

4 de jan. de 2011

EQUIVOCADA DECISÃO

Por Luiz Rogério de Carvalho

Sob todos os aspectos, a meu ver, lamentável e equivocada a atitude do ex-presidente Lula ao negar a extradição do criminoso Cesare Battisti. Só mesmo tendo sido levado para o campo ideológico, Lula pode ter tomado a desastrada decisão, que contraria todos os princípios de respeito aos tratados internacionais.

Conceder refúgio político a um assassino, já julgado e condenado em seu país, um Estado democrático, que lhe deu todo o direito de defesa, só mesmo tendo Lula, ainda que inconfessadamente, procurado ser coerente com a defesa, que sempre fez da presidente Dilma que, durante a ditadura militar, atuou como guerrilheira, na defesa de suas idéias.

Ocorreu em lamentável equívoco o ex-presidente, pois o contexto é totalmente diferente, o criminoso Batistti foi julgado e condenado em seu país, pela prática de quatro assassinatos, e o Brasil é signatário de tratado internacional de extradição de criminosos.