21 de dez. de 2007

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO


por Luiz Rogério de Carvalho

É realmente assustador, quando vemos as estatísticas de mortes ocorridas no trânsito, nas estradas e cidades brasileiras, onde milhares de vidas todos os anos são ceifadas, levando a dor e a tristeza a muitas famílias.

Em nosso país, campeão de mortes no trânsito, morre por ano, mais gente do que morreu em toda a guerra do Vietnã. Isso tem que ter um fim, pois, além da perda e da dor que a morte causa, o número de vítimas por morte de trânsito está levando a saúde, no Brasil, a uma situação insustentável, fazendo com que os serviços públicos de atendimento à saúde da população logo entrem em colapso, pois os hospitais e serviços de pronto-socorro, em quase todo o país já atendem número exagerado de acidentados no trânsito.

Numa tentativa de também reduzir o número de acidentes de trânsito, o Ministro da Saúde, em boa hora, está iniciando uma campanha para mudar as normas de publicidade de bebidas alcoólicas, responsáveis pela maioria dos acidentes, embora sabendo que vai encontrar enorme resistência por parte do lobby dos fabricantes, e também por parte da mídia, que tem nesse segmento importante faturamento.

Preocupado com esta triste realidade, o Grupo RBS, numa elogiável iniciativa, lançou a campanha “VIOLÊNCIA NO TRÃNSITO. ISSO TEM QUE TER FIM”, visando uma conscientização de todos os motoristas, para a gravidade do problema, e também estimulando a educação de trânsito, que deve começar já na família e na escola.

Entendemos, ser a educação e a conscientização o melhor caminho para se chegar a um trânsito ideal, humanizado. Entretanto, diante da realidade que temos, com motoristas que não respondem positivamente a uma proposta civilizada, a pesada punição, com multas e penas severas, que sejam aplicadas independente da condição social do infrator, é o mais forte argumento para inibir, ou reduzir, essa carnificina em que se transformou o trânsito no Brasil.

19 de dez. de 2007

ENGANAÇÃO


por Luiz Rogério de Carvalho


É incrível a desfaçatez, com que alguns ditos homens públicos tentam iludir as pessoas, o contribuinte, o consumidor de serviços públicos.

Ainda ontem, aqui em Florianópolis vi, na TV, uma advertência da CASAN aos consumidores, para que aumentem a capacidade de seus reservatórios, para evitar a falta d’água, especialmente nos dias de verão, que se aproxima.

Como é que a população vai armazenar água, de forma abundante, se ela já é escassa nas estações de tratamento e nos reservatórios da CASAN? Só mesmo se algum milagre está sendo planejado pelos seus dirigentes, pois, objetivamente, nada tem sido feito para aumentar a produção e distribuição, e nos livrar desse terrível mal anunciado, que inferniza todos os habitantes desta linda e mal cuidada Capital, ameaçando o ramo turístico, importante setor de nossa economia.

Em entrevista na TV, o presidente da CASAN justificava a possível e eminente falta d’água na cidade de Florianópolis durante o verão de 2008, alegando que o aumento do número de turistas, esperados para a temporada de verão, será o grande vilão, e único responsável pela escassez do produto.

Esses homens públicos, na campanha eleitoral prometem resolver os problemas como o da energia elétrica, para evitar a repetição de apagões; nos palanques e nos comícios, anunciam que falta d’água será coisa do passado, pois a produção será aumentada e a rede ampliada, para atender à demanda, aumentada com fluxo do turismo, “verdadeira vocação de nossa cidade”.

Eleitos e reeleitos, esquecem as promessas e, achando que somos todos idiotas e desmemoriados, inventam desculpas as mais esfarrapadas, para esconder sua incompetência e despreocupação com a causa pública. A população que, esperançosa, acreditou nas anunciadas soluções para os problemas existentes, continua sofrendo as agruras que lhe são impostas por “administradores” que, mais parecem preocupados com seus interesses pessoais, e com a reeleição.

Esta preocupação, agora parece ainda mais evidente, pois, com o anúncio às vésperas de um ano eleitoral, da construção, em Florianópolis, de um metrô de superfície, cuja licitação já está sendo anunciada, antes mesmo de ter sido ouvida a comunidade, através de seus órgãos representativos, como orienta o Estatuto das Cidades e o bom senso, para que uma obra dessa proporção somente seja executada, se provada que é a melhor alternativa para a solução dos graves problemas do nosso trânsito já caótico.

E ainda querem que acreditemos na sinceridade de intenção, quando, nos debates na televisão, nos comícios eleitorais nas praças públicas, prometem tudo fazer para o progresso do Estado, das cidades, e o bem estar de seus habitantes. É querer demais.

6 de dez. de 2007

PRESOS ACORRENTADOS



por Luiz Rogério de Carvalho


Palhoça é um município que faz parte da grande Florianópolis, esta, uma cidade cuja propaganda, além de destacar as belezas paradisíacas, tem sido mostrada como a capital brasileira que apresenta a melhor qualidade de vida.

Tanto Florianópolis quanto Palhoça, sua interligada vizinha, são cidades privilegiadas pela natureza, com uma orla marítima de uma beleza de causar inveja. Entretanto, a propaganda superlativa não me parece que esteja em consonância com a realidade destas duas cidades catarinenses.

Há algum tempo, aqui neste Blog, escrevi sobre a carência de esgoto sanitário na cidade de Florianópolis, o mau cheiro reinante na Avenida Beira Mar Norte, e uma usina de tratamento do esgoto ilhéu, instalada no aterro da Baia Sul, de onde é exalada uma catinga insuportável.

Confirmando o que escrevi, há poucos dias, enorme mancha preta apareceu próximo daquela usina, gerando a suspeita de que resíduos sólidos do esgoto estão sendo jogados no mar pela CASAN, poluindo, ainda mais, as praias da ilha e do continente, nas proximidades.

Agora, para desencanto de quem vive na Grande Florianópolis e, com orgulho, admira as belezas naturais regionais, cultura e história, surge na imprensa nacional e internacional, a notícia de que aqui, bem juntinho a nós, na cidade de Palhoça, por que numa cela de Delegacia de Polícia, de nove metros quadrados, apinhada com dezessete presos, por já não ter mais ar respirável, resolveu-se o problema acorrentando os presos em pilares, na área externa do prédio.

Há poucos dias, os brasileiros de boa índole, foram surpreendidos com a notícia, também internacional, de que uma menor, no Pará, fora mantida presa em uma cela com outros dezessete homens, que a estupraram da forma mais humilhante possível.

Agora, é o Estado de Santa Catarina que, de forma vergonhosa, é exposto ao mundo por ter voltado aos tempos do Brasil colônia, ou à era medieval, e manter acorrentados em áreas externas de uma delegacia, presos que não cabiam numa cela de nove metros quadrados, que já abrigava 17 pessoas.

Convém salientar que a Polícia Militar está cumprindo o seu dever, prendendo bandidos, a maioria produtos da exclusão social, que levam o tormento da insegurança a toda a sociedade.

A Delegada, que determinou o acorrentamento dos presos, melhor teria feito, como forma de protesto pela omissão do Governo do Estado , se os tivesse encaminhado para o Centro Administrativo do Governo, pois é dele a responsabilidade e a obrigação de construir presídios. Aliás, essa foi uma das promessas de duas campanhas eleitorais – aumentar o efetivo policial e construir presídios - para dar à população a segurança almejada, e merecida.