6 de dez. de 2007

PRESOS ACORRENTADOS



por Luiz Rogério de Carvalho


Palhoça é um município que faz parte da grande Florianópolis, esta, uma cidade cuja propaganda, além de destacar as belezas paradisíacas, tem sido mostrada como a capital brasileira que apresenta a melhor qualidade de vida.

Tanto Florianópolis quanto Palhoça, sua interligada vizinha, são cidades privilegiadas pela natureza, com uma orla marítima de uma beleza de causar inveja. Entretanto, a propaganda superlativa não me parece que esteja em consonância com a realidade destas duas cidades catarinenses.

Há algum tempo, aqui neste Blog, escrevi sobre a carência de esgoto sanitário na cidade de Florianópolis, o mau cheiro reinante na Avenida Beira Mar Norte, e uma usina de tratamento do esgoto ilhéu, instalada no aterro da Baia Sul, de onde é exalada uma catinga insuportável.

Confirmando o que escrevi, há poucos dias, enorme mancha preta apareceu próximo daquela usina, gerando a suspeita de que resíduos sólidos do esgoto estão sendo jogados no mar pela CASAN, poluindo, ainda mais, as praias da ilha e do continente, nas proximidades.

Agora, para desencanto de quem vive na Grande Florianópolis e, com orgulho, admira as belezas naturais regionais, cultura e história, surge na imprensa nacional e internacional, a notícia de que aqui, bem juntinho a nós, na cidade de Palhoça, por que numa cela de Delegacia de Polícia, de nove metros quadrados, apinhada com dezessete presos, por já não ter mais ar respirável, resolveu-se o problema acorrentando os presos em pilares, na área externa do prédio.

Há poucos dias, os brasileiros de boa índole, foram surpreendidos com a notícia, também internacional, de que uma menor, no Pará, fora mantida presa em uma cela com outros dezessete homens, que a estupraram da forma mais humilhante possível.

Agora, é o Estado de Santa Catarina que, de forma vergonhosa, é exposto ao mundo por ter voltado aos tempos do Brasil colônia, ou à era medieval, e manter acorrentados em áreas externas de uma delegacia, presos que não cabiam numa cela de nove metros quadrados, que já abrigava 17 pessoas.

Convém salientar que a Polícia Militar está cumprindo o seu dever, prendendo bandidos, a maioria produtos da exclusão social, que levam o tormento da insegurança a toda a sociedade.

A Delegada, que determinou o acorrentamento dos presos, melhor teria feito, como forma de protesto pela omissão do Governo do Estado , se os tivesse encaminhado para o Centro Administrativo do Governo, pois é dele a responsabilidade e a obrigação de construir presídios. Aliás, essa foi uma das promessas de duas campanhas eleitorais – aumentar o efetivo policial e construir presídios - para dar à população a segurança almejada, e merecida.

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