24 de nov. de 2007

A PRÓSTATA



por Luiz Rogério de Carvalho


Idoso, acostumado a conviver com os pequenos problemas de saúde, próprios da sua idade, de repente sente que seu nariz já não é o mesmo, pois uma rinite inesperada, coisa que desconhecia, o obriga a procurar um otorrinolaringologista, para livrar-se de terrível mal-estar.

O médico, jovem atencioso, depois das perguntas e exames de praxe, emite a receita com o medicamento indicado, e que deveria livrá-lo da incômoda rinite.

O tratamento tem início com a ingestão e aplicação da medicação prescrita. Os sintomas, extremamente desagradáveis, pouco a pouco vão cedendo à ação dos remédios, cujo gosto mais desagradável já foi sentido na farmácia, na passagem pelo caixa.

Passados alguns dias, já aliviado dos incômodos nasais, subitamente é surpreendido por enorme desconforto urinário. Paciente disciplinado que, religiosamente, uma vez por ano, enfrentando o constrangimento do exame visita o urologista, para saber da situação de sua próstata, apressadamente, procura seu médico na ânsia de voltar a urinar bem. Não agüentava mais aquele sofrimento.

O médico, competente, com experiência de longos anos, e sabendo do tamanho da próstata do seu paciente, depois do novo e desagradável exame e, diante de todas as queixas, sentencia: cresceu muito, é benigna, mas é possível que seja necessária uma cirurgia. Recomenda exames complementares, e o retorno após a conclusão dos exames.

Passados poucos dias, eis que tudo volta ao normal. Urina fácil, alegre e feliz, quase como um garotão. Também, nem tanto...

Curioso, vai ler a bula do remédio receitado pelo jovem médico, para a cura da rinite e, surpreso, lê: “este medicamento pode causar distúrbios na micção, como retenção urinária, não indicado a quem tem hipertrofia prostática”.

Respira aliviado, e pensa: “O diabo sabe mais por ser velho que por ser diabo”.

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