5 de jun. de 2007

Em São Joaquim


por Luiz Rogério de Carvalho

Era lá pelo ano de 1946, nossos pais morando no sítio das “Três Pedrinhas” que, na época, ainda não tinha escola, Pedro e eu estudando em São Joaquim, morávamos na casa da vó Júlia, ali bem pertinho do Grupo Escolar Manoel Joaquim Pinto, onde estudávamos.

De manhãzinha, depois de chamados pela vó Júlia, que nos acordava bem cedo, era nossa obrigação colocar os pirulitos nos tabuleiros, pois a vó Júlia que levantara muito mais cedo já os tinha preparados. Estavam prontinhos para serem vendidos por nós, durante o recreio do colégio. Essa venda representava um complemento importante na renda de minha vó, viúva e com parcos recursos. Mulher de valor, que tendo ficado viúva aos vinte e oito anos, sozinha, conseguiu criar e educar seus seis filhos.

Pedro e eu tínhamos nosso tempo de recreio tomado pela tarefa de vender os gostosos pirulitos que vovó fazia. Por isso, pouco tempo nos sobrava para as brincadeiras, que eram representadas sempre pelos brinquedos da época. Jogo de bolinhas de vidro, bilboquê, pião, etc. Só depois de vendidos todos os docinhos de minha vó é que nós íamos brincar, aproveitando o restinho do tempo de recreio.

Como compensação, depois de feitos os deveres da escola, à tarde, podíamos brincar à vontade.

Nossa diversão preferida, especialmente no verão, era ir nadar no “pocinho” do seu Júlio Cantalice. Lá, passávamos boa parte da tarde, nadando e mergulhando nas águas claras do rio São Mateus.
Para alegria da garotada, que lotava o “pocinho” , bem próximo, havia um pomar de maçãs, de propriedade também do seu Júlio, onde a gente se divertia e se deliciava com as maçãs, que o velho cultivava, tudo entre risos e brincadeiras, até que o seu Júlio nos descobria, e assustados corríamos em disparada, fugindo do local, alguns ainda pelados, com as roupas na mão, e comendo as maçãs.

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