13 de jun. de 2007

Tributo à Memória de meu Pai



por Luiz Rogério de Carvalho

José Arruda de Carvalho, Zeca, como carinhosamente era chamado, foi um homem sempre preocupado com a humanidade, que viveu seu tempo como um verdadeiro cristão.
A caridade foi uma das principais preocupações em toda sua vida. Dividir o pão com seu semelhante constituía sua grande alegria, pois o sofrimento de quem sentia fome era, para ele, motivo de grande tristeza. Por isso, da porta de sua casa, jamais alguém voltou de mãos vazias.

Quando morou em Lages, ainda novo, muitas vezes recolheu, para dormir na sua “Alfaiataria Carvalho”, mendigos que estavam dormindo na rua, e expostos ao inclemente frio do inverno serrano; lembro-me, também, de uma ocasião, em Florianópolis, quando um desconhecido dizendo estar com sua filha doente, internada no Hospital Infantil, disse que não tinha onde dormir, por não poder pagar um dormitório. Meu pai, consternado com a situação aflitiva de seu semelhante, não teve dúvidas, o levou para dormir em seu apartamento, não se preocupando com o risco que poderia ter corrido, por hospedar um estranho.

A bondade, com que sempre tratou todos, crianças, jovens ou velhos, fez dele um homem que, mesmo discordando de opiniões contrárias às suas e, às vezes, de forma veemente, nunca abandonou a urbanidade em suas relações pessoais.
Generoso para todos e, extremamente amoroso com seus familiares e amigos, sempre foi um defensor intransigente dos oprimidos e tolerante com os fracos, nos quais sempre encontrava alguma qualidade para enaltecer.

Por toda as suas qualidades e virtudes, que o fizeram credor de amizade e simpatia em todos os lugares por onde passou, tenho a certeza de que sua alma encontra-se em algum lugar sagrado, onde habitam os espíritos iluminados.
Seu corpo material que, consternados, devolvemos à terra, certamente, reintegrado à natureza, também viverá, nos mares, nas praias, nas águas dos riachos e das cascatas, no cantar sonoro dos pássaros, no perfume das flores e no verde das florestas que, em vida, ele tanto amou e preservou, plantando e regando árvores, tantas, que alegre viu frutificar.

Da sua existência na terra, percorrida com trabalho e dificuldades, mas, também permeada de amor, esperança e alegria, ficou, como legado mais precioso, para seus filhos e amigos, a lembrança imorredoura e o exemplo de uma vida digna.


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