14 de jun. de 2008

VOTO FACULTATIVO



por Luiz Rogério de Carvalho


Como defensor do voto eleitoral facultativo, sempre achei ser este o critério mais consentâneo com a democracia, pois não obriga ninguém a fazer o que não deseja, nem deixa aos políticos inescrupulosos a total liberdade de manipular os eleitores, especialmente os mais carentes e menos esclarecidos, comprando votos como se fossem mercadorias.

O constrangimento do voto obrigatório, no Brasil, onde a esmagadora maioria do eleitorado não tem a plena consciência do que ele representa, tem servido a muitos políticos que, sem a menor preocupação com a boa e decente administração da coisa pública, mas sim, com o objetivo inconfessado de chegar ao poder e usá-lo em benefício próprio, tendo como meta o enriquecimento a qualquer preço.

É verdade que o voto plenamente consciente só existirá quando o povo tiver um bom nível de educação, e condição econômica que lhe permitam escolher com discernimento e independência. Isto, certamente só teremos quando tivermos todas as nossas crianças em escolas de boa qualidade, e a economia tendo como meta o homem, num regime de justa distribuição da renda nacional.

Às vezes um pouco descrente, mas, consciente de que a utopia deve ser cultivada, por mais que a crueza da realidade tente matá-la, continuo torcendo para que nossos eleitores façam a melhor escolha, e não continuem sendo tão enganados.

Enquanto isso, tendo chegado aos setenta anos de idade, adquiri o direito de tornar meu voto facultativo e, sem omissão, mas podendo exercer como um direito, quando achar necessário, continuarei a acalentar a utopia de ver um país justo, sendo dirigido só por homens de bem.
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10 de jun. de 2008

A FARRA CONTINUA...




por Luiz Rogério de Carvalho



A decisão do TSE, por 4 votos a 3, permitindo que os políticos, mesmo aqueles com ficha mais suja que “pau de galinheiro” mas, que ainda não tenham sentença transitada em julgado, podem concorrer em novas eleições, se, por um lado, confirma o preceito legal de que ninguém pode ser considerado culpado antes de sentença definitiva, em última instância, por outro lado nos frustra, tirando-nos a esperança de que em tempo mais curto teríamos fora da vida pública elementos de “ficha suja” que as evidências mostram não serem dignos da representação popular.


A morosidade do judiciário, aliada ao excessivo número de recursos, muitos protelatórios, que chegam levar crimes à prescrição, são armas poderosas usadas por profissionais competentes, que garantem aos “fichas sujas” eleições e reeleições sem conta.


Uma vez eleitos, encontram no foro privilegiado a proteção do manto da impunidade, no corporativismo que tem sido a tônica da política brasileira.
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4 de jun. de 2008

O CELULAR



por Luiz Rogério de Carvalho


Como um dos grandes avanços tecnológicos dos últimos tempos, o telefone celular foi um invento que transformou as comunicações pessoais, trazendo enormes benefícios para todos e, também, algumas inconveniências, para muitos.

Nada mais desagradável do que estar almoçando e, na mesa ao seu lado, alguém que transferiu o escritório para o restaurante, insiste em confirmar uma transação comercial, iniciada uma hora antes. Ou então, aquela mocinha que brigou com o namorado e, sem se preocupar com os circunstantes, chorosa, em longas explicações, em voz alta, procura reatar a relação.
Não sei se essa falta de educação é brasileira, ou foi uma praga que nasceu com o aparelhinho e, sem fronteiras, incomoda todo mundo.

A verdade é que, há muitos anos, depois que troquei a cozinha de casa pela do restaurante, tenho procurado administrar esse problema e, para não ser taxado de “chato”, numa rápida olhada, escolho a mesa mais conveniente, pois não pretendo ter indigestão, e reativar uma gastrite de origem nervosa, que há tempo está adormecida.


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