23 de mai. de 2009

REFLEXÃO

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por Luiz Rogério de Carvalho


Chegando aos setenta e um anos de idade, o homem, olhando pelo retrovisor da existência, é levado a rever e avaliar o que fez ao longo de sua vida. É um balanço geral, no sentido de encontrar um resultado, não sob o ponto de vista material, pois este tipo de resultado pouco acrescenta, além de conforto para si e seus descendentes e, geralmente, muita encrenca entre eles.

Será que, embora lutando para aplainar suas imperfeições, chegou a imprimir em alguém o selo da bondade, da virtude, da moral e da razão? Terá ele conseguido, pelos seus atos, convencer alguém de que nossa vida vale mais pelo que somos e praticamos, do que pelo fato de que adquirimos e possuímos muitos bens materiais?

Refletindo, lembrei-me de um fato acontecido numa cidade onde morei: no velório de um homem muito conhecido na comunidade, que enriquecera na prática da agiotagem, que, emprestando dinheiro a pobres e viúvas em dificuldades financeiras, garantindo-se com uma hipoteca, acabava sempre aumentando seu patrimônio à custa do ainda maior empobrecimento de seus devedores. Pois, na madrugada de seu velório, quando as poucas pessoas que ali estavam nada de positivo tinham para dizer em seu favor, eis que entra um bêbado, muito conhecido, e depois de algum tempo olhando para o morto, sentindo que ninguém manifestava o menor elogio à sua vida, quebrando o silêncio, sem mais nenhum comentário, disse simplesmente: sabe que ele até não era tão ruim!

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