1 de ago. de 2007

USINAS HIDRELÉTRICAS


por Luiz Rogério de Carvalho


Ao relutar em ceder às pressões e irritação do Planalto, para conceder licença ambiental para a construção das duas usinas do Complexo Rio Madeira, em Rondônia, uma obra que, além dos benefícios, também poderá vir a causar um enorme prejuízo para o meio ambiente da região, e para o eco sistema de modo geral, a ministra Marina Silva mostrou uma real preocupação com as graves conseqüências que uma aprovação apressada pode produzir.

Foi por uma decisão apressada, com base num estudo de impacto ambiental fraudado, certamente com a conivência de funcionários corruptos, a serviço de empreiteiras, que a usina Barra Grande, em Santa Catarina, foi construída, inundando mais de 6.000 ha de florestas, sendo que mais de 2.000 ha constituídos de floresta primária de araucárias, a maior reserva do sul do país, numa extensão de quase 100 quilômetros, na serra catarinense.

O crime ambiental perpetrado naquela região foi de proporções gigantescas, causando um dano ecológico que jamais será reparado.

Além da floresta nativa, mata ciliar, milhares de araucárias, remanescentes de uma espécie praticamente em extinção, grande parte da vida selvagem, de muitas espécies, que era abrigada pela mata, também sofreu golpe mortal, pois sem abrigo e alimento, o destino fatal foi o completo desaparecimento.

Portanto, ligando os fatos, pela semelhança, é fácil imaginar as pressões políticas que a ministra deve ter sofrido, diante do projeto de construção das duas usinas, Santo Antônio e Jirau, cujo investimento está estimado em mais de 20 bilhões de reais.

Para as empreiteiras e outros “interessados”, cujo principal objetivo é o lucro e a “vantagem”, não importa que a construção represente ameaça de desaparecimento de inúmeras espécies de peixes, principais fontes de alimento da região, que inunde enormes áreas de florestas, fazendo desaparecer importantes espécies da fauna e da flora local.

Por isso, mesmo diante da urgente necessidade que o país tem de aumentar sua capacidade de energia hidrelétrica, a resistência da ministra, de somente ceder licença ambiental depois de profundo e sério estudo do impacto ambiental naquela região amazônica, deve merecer respeito, apoio e o aplauso de toda a sociedade.

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